Resumo
O processo de urbanização, com suas sucessivas transformações na paisagem, fragmentou e fragilizou a cidade por meio de intervenções em diferentes escalas. Os persistentes desastres ambientais no espaço urbano começam na ruptura do vínculo harmônico entre cidade e natureza que trata os processos naturais com superficialidade e desconsidera a totalidade do ecossistema como norteador do planejamento urbano associado à sustentabilidade. Repensar a paisagem a partir de estratégias integradas de requalificação de espaços livres e de sistemas de mitigação de cheias urbanas é uma tentativa de reverter a vulnerabilidade a danos para tornar a cidade mais resiliente. Em São Gonçalo, cidade metropolitana do Rio de Janeiro na porção leste da Baía de Guanabara, a suscetibilidade a desastres hidrológicos é um problema recorrente e a gestão das águas urbanas é uma demanda urgente. A situação dos rios urbanos canalizados, degradados e invisibilizados, o predomínio da impermeabilização do solo e a ineficácia do sistema tradicional de manejo de águas pluviais tornam a cidade propensa a parar com os impactos das chuvas. Nesse contexto, o Rio Alcântara tem grande relevância como estudo de caso por ser um recurso hídrico que corta a cidade e percorre diversos bairros, sendo por cada um deles condicionado às condições morfológicas do tecido urbano, às formas de ocupação do solo, às transformações provocadas por infraestruturas, aos vazios urbanos, espaços residuais ou subutilizados às margens e às relações da população local com o rio. O planejamento de um Sistema de Espaços Livres articulado com metodologias de infraestrutura verde com Soluções Baseadas na Natureza (SbN) ao longo do rio não só reduziria os impactos provocados pelas inundações, mas também modificaria a visão estigmatizada dos espaços públicos em São Gonçalo, promovendo ambientes multifuncionais que estimulem a ressignificação da percepção da paisagem fluvial do Rio Alcântara.
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