Resumo
O tema da habitação sempre foi debatido pela política como na arquitetura, segunda a pesquisadora da UNB Raquel Blumenschein “a questão habitacional implica um amplo espectro de ações na esfera governamental, tais como regularização fundiária, melhorias habitacionais, urbanização de assentamentos precários, reabilitação de edifícios desocupados, além da produção de novas unidades habitacionais.” (BLUMENSCHEIN, 2015, p. 3). Na esfera da arquitetura tem crescido o número de estudos que apontam a necessidade dos projetos habitacionais de explorarem os vazios urbanos, repensar sua concepção e seus processos construtivos de modo a responder a diversidade da composição familiar. Estes trabalhos divergem do atual modelo construtivo que utiliza a alvenaria estrutural e parede estrutural de concreto, que são mais baratos, mas impossibilitam qualquer adaptação no layout das unidades habitacionais. Temos trabalhos como de Fernando Diez “Táticas de infiltração: Dez anos de experimentação em Buenos Aires” de 2010, a dissertação “Distintas moradas: Habitação coletiva em metrópoles da América Latina” de Marcelo Della Giustina de 2015 e a dissertação de mestrado “habitar coletivo: Obras diferenciadas contemporâneas em São Paulo” de Fabricia Zulin da FAU USP em 2013. Estas pesquisas apontam para práticas de projeto que exploram construções de caráter experimental nas brechas do tecido urbano, produzindo habitações em terrenos estreitos, explorando soluções a partir de materiais e técnicas construtivas não convencionais ao mercado imobiliário. Para Zulin essas “obras contribuem com novas possibilidades de agentes, de ocupação de lote, novas técnicas construtivas, novas maneiras de agenciamento do programa, entre outras possibilidades reveladas, muitas vezes rebaixadas na produção comercial usual.” (ZULIN, 2013, p. 14). “Segundo Diez, essas ações atuam buscando aproveitar oportunidades perdidas, encontrando localizações convenientes em áreas desvalorizadas, preenchendo lacunas no mercado imobiliário, completando o tecido urbano e injetando vida nova em bairros esquecidos.” (Bruno Caniello, acessado em 2020). Assim o trabalho parte da análise das tipologias das vilas no município de Maricá, região metropolitana do Rio de Janeiro, entendendo seus aspectos construtivos, ambientais, implantação no tecido urbano, escala e espacialidade. E com base neste estudo tem o objetivo de criar um projeto de habitação coletiva de pequena e média escala a partir da elaboração de módulos habitacionais flexíveis, seguindo princípios de conforto ambiental, usos mistos, adaptação aos vazios urbanos, autogestão e a distintas formas de habitar.
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