O presente trabalho tem por objetivo problematizar a temática da habitação de interesse social (HIS) da Região Portuária do Rio de Janeiro, analisando dos discursos às ações realizadas pelo poder público, com foco nas intervenções da Operação Urbana Consorciada da Região Portuária (OUCRP), em paralelo aos movimentos do mercado imobiliário no território. Dessa forma, o estudo se desdobra em questionar como a questão habitacional na Zona Portuária, apreendida dentro de uma lógica contraditória de repetição cíclica do capitalismo, tem operado enquanto um movimento de expropriação territorial com base na produção de planos discursos? Dessa maneira, a partir da leitura aprofundada de dois momentos como objetos dessa pesquisa - a elaboração do Plano de Habitação de Interesse Social da Região Portuária (PHIS-Porto) e do movimento atual do mercado imobiliário - se pretende elucidar os questionamentos propostos, contrapondo o que se apresenta no discurso e o que se materializa na prática. Serão apresentadas as lógicas contraditórias com base nas expectativas que envolvem a realização de habitação de interesse social por meio do Plano de Habitação de Interesse Social do Porto e de que forma a produção de moradia social tem sido realizada na prática pelos agentes públicos e privados. A abordagem teórica se ampara principalmente em autores do urbanismo e do planejamento urbano críticos. Discute-se a ideia das Operações Urbanas Consorciadas (OUCs) e Parcerias Público Privadas (PPPs) como mecanismos que têm perpetuado as formas de acumulação de capital pelas quais o planejamento urbano age como discurso, e a HIS uma camada primordial das promessas nunca cumpridas, criando um eterno estado de espera. A metodologia se baseia em análises documentais, produção cartográfica, levantamentos de dados sobre produção habitacional pública e de mercado, e entrevistas com agentes que participam dessa produção