• HABITAÇÃO SOCIAL NA REGIÃO PORTUÁRIA DO RIO: uma proposta de resistência do direito à moradia em zonas centrais retornar à pesquisa
  • Autor Morgana Maria Pereira do Nascimento Schoitzar
  • Ano 2021/1
  • Resumo

    O presente trabalho final de graduação consiste em um projeto de habitação de interesse social, em um terreno em ruínas, localizado na Região Portuária da cidade do Rio de Janeiro, no bairro da Gamboa, o qual possui um forte e denso caráter histórico de luta por direito e acesso à moradia, por parte da população de baixa renda, visando amenizar o quadro crítico da escassez de habitação social no centro e se afirmar enquanto ação de resistência do direito à moradia por parte dessa população. A proposta arquitetônica destina-se a contemplar grupos familiares de baixa renda que foram expulsos de suas moradias na região portuária, durante o processo de remoção dessas ocupações para a implementação do plano de revitalização do porto - o Projeto Porto Maravilha - como, por exemplo, os moradores da antiga ocupação denominada Machado de Assis, que se apropriaram de um edifício sem uso no bairro da Gamboa, nas proximidades do terreno. O Projeto Porto Maravilha amealhou investimentos massivos nos últimos anos, tanto públicos como privados, visando promover melhorias e a recuperação da sua infraestrutura urbana, do patrimônio histórico e cultural da região, do meio ambiente, do saneamento urbano e dos transportes. Grandes projetos como este, costumam ocorrer em espaços urbanos que trazem consigo traços marcantes e simbólicos da “identidade” de uma cidade, promovendo a exploração de suas potencialidades e a construção de paisagens a serem consumidas, com espaços espetacularizados. Entretanto, no caso da região em questão, esse processo atraiu a atenção do mercado imobiliário, focando em empreendimentos empresariais e de classes mais abastadas, enquanto que os moradores de menor renda terminaram negligenciados e forçados a migrar para regiões periféricas da cidade, em áreas sem infraestrutura adequada e acesso a emprego. Esse processo, além de romper com laços de vizinhança construídos por décadas, promoveu segregação e pobreza, dificultando o seu acesso à cidade por parte dessa população. Trata-se portanto de fenômeno paradoxal, uma vez que, enquanto essas intervenções urbanas visam preservar a história, a cultura e a memória de determinadas áreas urbanas, a população residente, que é responsável pela criação e manutenção dessa identidade local acaba sendo negligenciada e, em parte, excluída. Dentro da área da APAC SAGAS, que corresponde a área de proteção arquitetônica e do ambiente cultural dos bairros da região - Gamboa, Santo Cristo e Saúde, foi proposto um plano de habitação de interesse social que na prática não ocorreu. Neste contexto, entendendo a necessidade de ampliação de ofertas de habitação social na região portuária da cidade, desenvolve-se a proposta com o intuito de amenizar os impactos negativos da atual configuração, mantendo e restaurando o que a configuração atual possui - que no caso do terreno de intervenção são as fachadas históricas. Buscou-se tratar o tema de habitação social com uma proposta que reaja às necessidades dos habitantes, promovendo diversidade tipológica das habitações, vislumbrando impulsionar a melhoria das condições das habitações para a população carente, com possibilidades de flexibilidade dentro da habitação. Buscou-se trabalhar no desenvolvimento de espaços comunitários multiuso para os moradores, permitindo e incentivando o encontro e fortalecimento do senso de comunidade dentro da moradia, espaços de lazer e pequenos comércios para geração de renda, aliado ao conforto térmico.


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