Este projeto visa ser um estudo sobre a importância do cuidado e do afeto para as moradoras da Favela da Rocinha, tendo uma das principais ruas da comunidade, a Rua 1, como referência para a discussão. Em um processo de busca pela compreensão do espaço urbano utilizado por essas mulheres, a pesquisa usa a deriva cartográfica como metodologia. Ou seja, segue por uma direção onde os trajetos e percursos não estão predeterminados e serão estabelecidos durante o caminho, apostando na experiência e na participação das mulheres moradoras e pertencentes à Rua. Além da deriva, foram feitas entrevistas com onze moradoras da Rua 1, localizada na parte mais alta do território, reconhecendo as diferentes rotinas e percepções de cada mulher, seguindo três categorias de análise: Pertencimento, para analisar os usos da cidade e as formas de interação de cada entrevistada; Permeabilidade, para conhecer suas trajetórias, limitações, dificuldades e inseguranças em relação a mobilidade; e Suporte, para entender a infraestrutura e os equipamentos públicos e privados locais utilizados por elas. No entanto, as respostas obtidas não foram encaixadas em categorias tradicionais de uma pesquisa urbana convencional. Todas seguiram por um caminho afetivo, onde as práticas de cuidado coletivo foram valorizadas, e as categorias de análise deram lugar a uma nova forma de olhar a cidade, uma maneira cíclica, onde as respostas se conectam, independente das perguntas, e palavras como cooperação, poesia, confiança, cultivo e educação potencializam as falas das moradoras. A partir dessa reflexão, busca-se contribuir na investigação teórica, projetual e participativa no tema de urbanização de favelas, viabilizando a mulher como agente principal dessa construção, assim como a garantia do seu direito à cidade.