• Autor Vivian da Silva Cabral Ramos
  • Ano 2020/4
  • Localização -23.023056, -43.476111
  • Orientador Ana Paula Polizzo
  • Resumo

    A aproximação com o tema surgiu a partir de observações pessoais sobre os bairros de classe média no Rio de Janeiro e os modelos de moradia dessa classe social. Após ter residido a vida inteira no subúrbio de Jacarepaguá, passei a morar no Recreio dos Bandeirantes, bairro gentrificado, dominado por grandes empreendimentos do mercado imobiliário, e projetado sob um plano modernista a partir da Av. das Américas. O bairro, embora tendo seu plano originado a partir da Av. das Américas, não segue a mesma lógica de ocupação e escala uniforme em todo o bairro. Nas glebas da praia a legislação admite um gabarito mais baixo e uma ocupação maior dos lotes, além de admitir organicidade em algumas ocupações de cresceram de maneira desordenada na região do Terreirão (comunidade antiga e maior potência comercial do bairro). Podemos observar no bairro 3 modelos de habitação multifamiliar sendo oferecidos pelo mercado: edifícios multifamiliares de baixo gabarito com ocupação de 50% do lote, condomínios-clube de até 4 pavimentos, e condomínios-clube com tipologia de torre acima de 10 pavimentos. Ao analisá-los diretamente, é possível observar que esses modelos são resultado direto da legislação imposta nos loteamentos, o que influencia diretamente na formação da paisagem urbana e da costura entre a moradia e a cidade. O fenômeno observado nesse trabalho é marcado pelos pontos de transição da arquitetura quando ocorre uma mudança nos parâmetros de legislação. Como o mercado tende a reproduzir modelos prontos de implantação, seus empreendimentos tendem a desconsiderar as características específicas de cada contexto. Esse fenômeno não é exclusivo do Recreio, como é evidenciado nas pesquisas aqui presentes, mas ganha força no exemplo em estudo por ser emblemático nesse sentido: quando há uma transição de arquitetura, legislação, tecido urbano e grupos sociais. Além disso, pretende-se analisar como essa reprodução se manifesta na escala do apartamento, e como isso pode estar ignorando as mudanças pertinentes nos grupos domésticos. Esse trabalho tem como objetivo abrir uma discussão sobre como podemos avançar mais em arquitetura residencial no Rio de Janeiro, integrando-a mais à cidade e se mostrando mais flexível às formações familiares. Mesmo tendo ciência das forças econômicas que movem o mercado, as forças políticas e regulatórias, e o quanto o arquiteto teve sua influência abreviada nesse mercado da construção, uma questão importante que se coloca é até onde vai a responsabilidade do arquiteto enquanto formador do espaço urbano. Diante disso, me proponho a analisar criticamente exemplos de empreendimentos no Rio de Janeiro para o segmento de classe média e alta, a fim de compreender sua lógica de estruturação, compará-los entre si e à referências de programas alternativos e bem sucedidos, bem como seu impacto entre os moradores e a cidade. Com base nesses estudos, o seguinte trabalho tem como objetivo mapear problemas para que se possa propor um programa de edifício residencial multifamiliar que atenda à diferentes grupos familiares, visando também um estudo de quadra que prioriza a relação entre arquitetura e contexto urbano.


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