• Autor Mariana Marins Alvares
  • Ano 2014/2
  • Resumo

    O processo projetual da escola gráfica do Porto foi inicialmente marcado pela compreensão do potencial e dos problemas do bairro de Santo Cristo e da região portuária. A localização central na cidade do Rio de Janeiro, a sua importância histórica como local de comércio de escravos e das primeiras vilas operárias e fábricas no início do século XX, além da proximidade com a Baía de Guanabara são potenciais pouco explorados na região. Em contrapartida, algumas dificuldades enfrentadas pelo bairro incluem: o abandono que viveu durante grande parte do século XX, o que acarretou na falta de oportunidades de trabalho e qualificação de sua população; o surgimento das grandes vias e viadutos que comprometeram os antigos espaços livres do bairro, que acabaram por segregar espacialmente a área; e a implementação de projetos como o Porto Maravilha, que não levam em conta a população residente na área e contribui para a gentrificação. Este processo acontece através dos grandes empreendimentos empresariais que buscam a localização estratégica do Porto, mas também pela ativação de galpões e fábricas abandonados para um novo fim ,como residências artísticas, atelier de designers, etc. Encontrei como uma resposta à este processo um novo conceito empresarial, as Corporações B, conceito que surgiu durante o movimento ‘Occupy Wall Street’ e que defende que o capitalismo deve criar simultaneamente valor para a sociedade, para os trabalhadores e para a comunidade. As ONGs e organizações governamentais são importantes mas não suficientes para resolver os desafios sociais. Sendo assim, as corporações e empresas têm que desenvolver estratégias para solucionar esses desafios. Neste sentido, as Corporações B são empresas que se preocupam com a inclusão social e fornecem um produto/serviço reconhecido pelos consumidores com um selo, ou uma marca social. A partir destas pesquisas, a proposta da Escola Gráfica se justifica pelo momento e pelo caráter atual do bairro, que vem atraindo artistas e designers e cuja intenção é promover uma maior interação entre os usuários da escola e estes profissionais, possibilitando a apropriação e utilização dos serviços e espaços propostos. A ideia de ‘negócio social’, que emprega mão-de-obra local é importante. Porém, para que se fortaleçam os laços e as interações sociais e profissionais previstas no contexto em questão, seria fundamental qualificar as pessoas. Assim, com o projeto da Escola Gráfica, a comunidade local poderia se integrar, de fato, ao novo contexto urbano que se desenha para a zona portuária do Rio de Janeiro.


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