• Autor João Pedro Magalhães de Oliveira Neri
  • Ano 2013/2
  • Resumo

    O projeto solicita uma condição de unidade entre os bairros mais antigos da zona sul do Rio de Janeiro (Santa Teresa, Glória, Catete, Laranjeiras e Cosme Velho) que utilizaram o bonde como elemento de expansão urbana. Tais bairros apresentam, ainda nos dias de hoje, mesmo com a mudança para o modal de transporte público rodoviário (ônibus e vans), uma unidade morfológica e de usos/ocupações. Essa relação de espacialidade contínua entre tais bairros, caracterizada pela interligação de suas vias principais, nos permite ler este trecho da cidade como uma ?Ilha Urbana?[grande corcovado], dentro da metrópole. Tal leitura da cidade, é reforçada por fragmentos históricos diretamente conectados à essa ?linha condutora?, que por sua vez, conforma e estrutura o conceito de Ilha. Esta proposta se sustenta em uma cidade contemporânea, pulsante e em constante transformação, através do que nomeamos pontos de escoramento metropolitanos. Pontos em que a relação da Ilha com a cidade acontece de maneira mais potente, devido a um perfil de acúmulo e de organização de fluxos, são estes: O Largo da Carioca (perfil comercial e empresarial), Largo do Machado (praça de acontecimentos cotidianos e serviços) e o Túnel Rebouças (papel: redutor de distâncias) associado ao fluxo turístico do principal monumento do Brasil, o Cristo Redentor. A abordagem da área, em escala macro, dá-se através do fortalecimento e do redesenho de alguns pontos das vias principais de cada bairro, constituindo assim, um projeto de reunificação desse territórios. Para tal, propomos uma estratégia global de mobilidade urbana para a região: [ ANEL DE VLT ] - Estratégia específica para a região, em que se propõe a mudança do modal de transporte público rodoviário (ônibus) para um modal de Veículos Leves sobre Trilhos (VLT), mais adequado ao calibre das principais vias da região. Evitando assim, a sobreposição de diversas linhas de ônibus, buscando uma maior racionalidade para o transporte público, e favorecendo a integração de diferentes modais de transportes (Metrô-VLT- Ônibus-Bicicleta) em pontos estratégicos [pontos de escoramento metropolitano]. O Corcovado e seu acesso ao Cristo Redentor, um dos pontos turísticos mais famosos do Brasil, poderia ser encarado como um potencializador do novo sistema urbano proposto. Atualmente, a problemática do Corcovado é abordada da mesma maneira desde 1882, fruto de uma estratégia com finalidade exclusivamente turística: uma linha férrea que conecta o Cosme Velho ao Corcovado. A Companhia Ferro-Carril e Hotel Corcovado teve seu primeiro trecho inaugurado em outubro de 1884, indo do Cosme Velho às Paineiras, onde já existia um hotel que foi inaugurado no mesmo dia. Hoje em dia, o projeto antigo já não funciona mais com todo seu vigor, a antiga construção encontra-se ruínas, restando apenas a linha férrea. A relação entre Corcovado e Túnel Rebouças, tem o Corcovado como importante gerador de fluxos, vinculados ao turismo, atualmente incompatíveis com o perfil do bairro, no qual, seu principal acesso está inserido, o Cosme Velho. Já o Túnel Rebouças atua na cidade do Rio de janeiro como um grande ?catalisador de fluxos?, um redutor de distâncias, ?Túnel do Tempo?. A associação destes dois elementos, aliada à uma posição geográfica, de fundo de vale, incrustado na Mata Atlântica (Floresta da Tijuca), conferem ao trecho entre galerias do Túnel André Rebouças, no Cosme Velho, ponto de abordagem ?arquitetônica? da proposta, um caráter potencialmente turístico. Tal atitude permite a mutualização destas pré-existências, otimizando a relação do monumento com a cidade e com o bairro. O edifício retrabalha uma condição de descontinuidade do bairro, proveniente do impacto urbano da grande obra viária do Túnel André Rebouças, se associando à ela e atuando com um catalisador e âncora das diversas demandas latentes do bairro. A criação de um sistema de espaços livres conectados diretamente à Rua Cosme Velho, se da a partir do redesenho e conexão de algumas áreas obsoletas, propiciando uma atmosfera mais favorável para os moradores do bairro, sobre tudo para os pedestres. O objeto arquitetônico foi desenvolvido para albergar toda uma demanda turística, evidenciada no Concurso do IAB-RJ para o Complexo Hotel Paineiras (2009), aonde estavam previstos uma estação de transferência e um centro de apoio ao turista, em uma posição aonde o acesso via transporte público e/ou veículos de grande capacidade estava impossibilitado (dentro Parque Nacional da Tijuca). Evidenciando assim, uma maior necessidade de conexão com a cidade.


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