• Autor Daniel Alvim de Moura
  • Ano 2018/2
  • Resumo

    I. Visão de Cidade - Espraiamento da cidade

    O modo como construímos nossas cidades, tem reflexo direto sobre os espaços que habitamos e consequentemente, sobre como habitamos esses espaços. O espraiamento é o termo utilizado para designar o fenômeno de expansão horizontal das cidades que acontece antes que elas alcancem a densidade ideal. A cidade Monofuncional é uma das grandes causadoras do espraiamento urbano. Com origem conceitual no modernismo, ela se baseia na separação de usos e dessa forma, acaba produzindo e estimulando a dispersão territorial. Como resultados desse modelo de desenvolvimento temos o surgimento de espaços genéricos que acabam ocasionando o enfraquecimento dos espaços públicos e o surgimento de cada vez mais espaços genéricos, o aumento da segregação social e a dependência do veículo motorizado. Criando, assim, uma cidade insustentável.

    “Habitar é bem mais um demorar-se junto às coisas“, já dizia Heidegger em favor da aproximação entre indivíduo e construção para a criação dessa ideia de habitar. A Cidade Mista é resultado da aplicação de modelos de desenvolvimento compacto, que vem sendo desenvolvida em combate ao fenômeno do espraiamento. Tem como princípios adensamento, diversificação e aproximação. O melhor aproveitamento do solo, evita a expansão de áreas urbanizadas sobre áreas rurais e com fragilidades, e também permite o melhor aproveitamento da infraestrutura, diminuindo gastos com urbanização. Dessa forma, promovendo a continuidade do espaço urbano e a intensificação das suas atividades. O modelo também possibilita formas de mobilidade mais sustentáveis, já que, condições criadas por adensamento e uso misto do solo, tendem a diminuir distâncias percorridas, favorecendo deslocamentos a pé e de bicicleta e viabilizando transporte público eficiente e barato. Assim, a Cidade Mista tende a ter mais diversidade social, racial e etária.

    II. A Quadra Mista

    Claudio Acioly e Forbes Davidson em “Densidade Urbana: Um Instrumento de planejamento e gestão urbana” apontam para os riscos do superadensamento e para a necessidade de um mecanismo de controle de densidade.

    A legislação já se mostrou insuficiente, pois sozinha não só induz a criação de espaços genéricos, como também permite que interesses financeiros sejam colocados acima de demandas maiores da população como habitação. Então se vê aqui a necessidade da criação de um instrumento alternativo (ou complementar). Então a Quadra Mista é apresentada aqui como um instrumento de estruturação urbana com as seguintes premissas:

     Orientar o adensamento com diversidade de tipos habitacionais buscando atender ao maior número de perfis familiares e econômicos;

     Sistematizar os espaços livres permitindo a fruição pública;

     Estimular a mistura de usos (moradia, serviços, comercio, lazer) promovendo o aumento da vitalidade urbana;

     Incentivar o desenvolvimento de atividades no térreo através da distribuição comercial ao longo da rua em conjunto com a criação de condições de usos da calçada.

    III. Os Arranjos

    Os arranjos são as diferentes combinações de rua, objeto e espaços livres que uma é capaz de gerar.

    IIII. Santo Cristo

    Como estudo de caso é escolhido o bairro de Santo Cristo, localizado na cidade do Rio de janeiro, na Zona Portuária, a mais antiga área urbana da cidade. Apesar de possuir uma posição central na cidade e fácil acesso a várias vias de conexão como a Ponte Presidente costa e Silva (Ponte Rio-Niterói), a Via Expressa Presidente João Goulart (Linha Vermelha), a Avenida Brasil e a Avenida 31 de Março (Linha Lilás), sofre com a monofuncionalidade local, terrenos ociosos, edifícios com usos que pouco ou nada se relacionam com o espaço público e a rua, a falta de espaços livres de qualidade e a baixa densidade populacional.


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