As grandes cidades metropolitanas passaram por diversos processos de intervenções em diferentes escalas até chegarem a forma como as conhecemos hoje. Com o aumento de população e de demandas econômicas, certas cidades começam a transformar radicalmente suas formas urbanas e assentir mais claramente com um método de destruição e reconstrução planejada do tecido urbano. Este fenômeno de sobreposição de memórias da cidade na forma de cirurgias urbanas, gera reflexos físicos e sociais que disparam as inquietações para o desenvolvimento deste trabalho. O intuito deste trabalho não é tentar reverter ou impedir o processo de transformação urbana, mas sim reconhecer a história da eliminação da memória, propondo uma reação crítica à esse cenário. Trata-se de um projeto investigativo que busca aliar-se à um entendimento de uma arquitetura sensível à questões da cidade, capaz de provocar uma reflexão através de experiências espaciais.
Dentre os casos estudados, foi identificado o cenário do desmonte do Morro do Castelo como sendo uma possibilidade de experimentação para o desenvolvimento deste trabalho. A área que abrigava o morro apresenta hoje um novo desenho de cidade, e pode ser interpretada como uma oportunidade de investigação para uma reflexão sobre as reações causadas pelo desmonte.
A proposta consiste em apresentar intervenções que possibilitem experiências espaciais e sensoriais sobre certas interpretações de aspectos de vivência física/espacial coletiva que foram perdidos junto à demolição do morro, como por exemplo, a subida de acesso, a vista da cidade de cima, o descortinamento da Baía de Guanabara e a relação de proximidade com o mar. Um sistema de intervenções de grande potência efêmera, e certo caráter arqueológico, que remeta a um questionamento e a uma memória coletiva da experiência de uma parte de cidade que deixou de existir.
