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Micro intervenções em urbanismo alternativo para beco de favela

Patrícia Monteiro Santoro Dos Santos
Período: 2017/1
Orientador(a): Pablo Cesar Benetti

Diversidade e Mistura, Mudanças e Emergências, Fragilidades e Desigualdades, Transitoriedade e Fluxos

Pranchas em panorama Plantas

Resumo do projeto

Este trabalho propõe uma metodologia para intervenções urbanísticas em Becos de Favela – a democratização da arquitetura através de ações autogestionadas (para emponderar moradores). Carrega a intenção de permanecer promovendo melhorias urbanas (alternativas e de microescala) em um beco no Morro do Alemão/Complexo do Alemão (Rio de Janeiro – RJ), com a premissa de que um sistema de intervenções mínimas - distribuídas ao longo de um território - podem ressignificá-lo em sua totalidade.

Como produto parcial das definições de projeto, oferece o detalhamento da execução de soluções para situações paradigmáticas em becos diversos, reunidas em espécie de catálogo para moradores (e, também, arquitetos). Sugere a ação participativa - do levantamento preliminar (físico e humano) à ordenação do cronograma de mutirão, passando pelo financiamento coletivo (“vaquinha” e patrocínio) – como alternativa à ação pública (ou à falta dela). Todas as intervenções, partindo do princípio de que serão custeadas de forma colaborativa, foram pensadas de forma a minimizar os custos de execução e esgotar eventuais gastos de manutenção. A ideia é espalhar a ideia!

A principal missão desse trabalho, outrora categorizado como manual, é garantir autonomia e poder de deliberação aos moradores de favelas, em geral. É uma alternativa de atuação para o arquiteto, que foge dos limites e entraves do poder público; e que também não se submete ao jogo das grandes empreiteiras. A palavra é autogestão e, nessa relação, o arquiteto tem muito a aprender com o cliente-favela, mestre na arte da autoconstrução. Em se tratando de uma metodologia que possa ser aderida pelos próprios moradores do beco, independente de saberes técnicos, as soluções apresentadas foram trabalhadas para serem simples, baratas, de fácil entendimento e replicáveis. São soluções possíveis para situações paradigmáticas de becos de favelas, adaptáveis às suas especificidades.

Benfeitorias urbanas que dignificam a vida da favela, mas não anulam o dever social do Estado. Pós Morar Carioca, e há ainda quem defenda o extermínio das favelas do território da cidade. Favela é cidade! Há quem acuse arquitetos de consolidar informalidade através da urbanização de favelas, quando a informalidade é a única alternativa de sobrevivência possível que o Estado oferece à grande parte da população urbana das grandes cidades do país. Há quem diminua o fazer arquitetura nesses territórios a uma "mera decoração urbana", quando é a função social do arquiteto diminuir a desigualdade em provisão e manutenção de direitos com que são tratadas as pessoas. A insistência no tema é um movimento de luta, para que não se permita retroceder nas conquistas urbanas para favelas. O trabalho fica sendo ora uma “pesquisa propositiva” ora um “manifesto de resistência” a favor de uma cidade com mais justiça urbana!